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Olho e Câmera

By 24/12/2018 outubro 12th, 2020 Artigos

Nosso olho dá de 10 a 0 em nossas câmeras, mas, às vezes, a câmera nos surpreende: vê o que nossos olhos não enxergam.

Nossas câmeras fotográficas e nossos olhos captam as imagens de maneira muito similar. Nos nossos olhos, a luz passa pela córnea e atinge a retina, onde a imagem é formada. Nas câmeras, a luz passa pelas lentes e atinge o filme ou o sensor digital. Por esse aspecto, é comum pensarmos que ao vermos algo bonito que queremos fotografar, basta apontar a câmera na direção certa e disparar a foto. Assim, se tivermos uma câmera boa, a foto sairá boa. O que poderia dar errado?

Na verdade, apesar das câmeras formarem as imagens como nossos olhos, as diferenças são maiores do que as semelhanças. Por isso, entender como as câmeras enxergam e saber operá-las, faz toda a diferença na qualidade da foto.

Nossos olhos são incríveis, e, ainda mais, é o nosso cérebro. A formação da imagem na retina do olho é apenas o começo do “enxergar”. Após as imagens passarem pela retina, ainda precisamos interpretá-las e este é o papel do cérebro. É ele quem vai traduzir os estímulos visuais e dar significado ao mundo que vemos: reconhecendo objetos, rostos, distância, movimentos, sombras. Percebem toda a complexidade que envolve a nossa capacidade de enxergar?

Já as nossas câmeras não conseguem fazer tantos processamentos e interpretações sozinhas. Por isso, precisamos antever suas limitações e inserir informações para que elas criem a fotografia que queremos ver. Ao mesmo tempo, elas também trazem ferramentas que nos possibilitam captar e reproduzir imagens, às vezes, ainda mais fascinantes do que nosso cérebro seria capaz de captar e interpretar.

Vejamos, então, alguns dos aspectos que diferenciam nossos olhos das nossas lentes. Relembrando que tais aspectos podem ser considerados como ferramentas para entender melhor como utilizar a sua câmera:

Tempo

Nossos olhos vêem o mundo como um filme. Uma série de imagens contínuas que não voltam atrás. Já as fotografias, gravam um determinado momento e nos permitem olhar para algo que já passou, mas que se torna estático. Mais do que isso, as câmeras possibilitam manipularmos a duração desse momento. Podemos gravar algo que passou por nossa visão num piscar de olhos, como um raio que caiu do céu, nos permitindo apreciar tal momento com mais calma e contemplação. Ou ainda, podemos “esticar” o tempo e ter outra percepção dos movimentos lentos, como o caminho percorrido pelas estrelas no céu.

como fotografar rastros de estrelas

Equilíbrio de Branco

Tanto nossos olhos, quanto nossas câmeras, conseguem enxergar a mesma faixa de cores; do vermelho ao violeta (as cores do arco-íris). Porém, eles não as interpretam da mesma forma. Nossos olhos corrigem as cores de acordo com a cor da iluminação ambiente. Por exemplo, é comum em nossas casas usarmos lâmpadas que não são totalmente brancas, mas um pouco azuladas ou amareladas, o que deixaria todo o ambiente com um coloração diferente. De modo geral, nosso cérebro corrige essa coloração diferente, assumindo como se ela fosse realmente branca. Dessa maneira, baseado na nossa experiência de como as cores dos objetos devem ser, continuamos a ver uma folha de papel como sendo branca, apesar de sua fonte luminosa ser amarelada, azulada ou etc. Curioso é que o cérebro só corrige as cores quando os objetos são reais. Uma foto amarelada de um papel branco não será corrigida por nosso cérebro.

 Já as nossas câmeras, não fazem essa interpretação / correção sozinhas, e enxergam as cores reais. Por isso é comum as fotos ficarem com tons esquisitos. Precisamos ajustar o equilíbrio de branco para que as cores fiquem corretas. No modo automático, a máquina sempre vai tentar equilibrar as cores. Por exemplo, se há muito roxo na foto, a máquina vai balancear colocando mais amarelo. Porém, às vezes estamos fotografando algo realmente muito roxo e precisamos dizer isso para a câmera, a fim de não perdermos a cor original. Usando dessa ferramenta, também podemos realçar cores ou mesmo alterá-las propositalmente conforme nossa vontade / intenção.

Foco

Nossos olhos são extremamente nítidos na região central, semelhante à uma câmera de 52 megapixels. No entanto, nas regiões periféricas não enxergamos tão bem. Para compensar isso nossos olhos focam rapidamente em vários pontos de interesse das imagens que estamos vendo, como se tirasse várias fotografias com nítidez em cada ponto e, então, o nosso cérebro junta todas essas informações e temos a sensação de enxergar tudo nitidamente.

Nossas câmeras não focam tão rapidamente quantos nossos olhos, devemos priorizar apenas um ponto de interesse na imagem. Há técnicas para conseguirmos focar toda ou boa parte da imagem: usando aberturas fechadas em nossa lente, o que aumenta a profundidade de campo. Também podemos focar somente uma parte específica da imagem, usando uma grande abertura em nossas lentes, chamando atenção para um determinado ponto de interesse da fotografia.

Faixa Dinâmica

Sabe quando dizem que escutamos apenas algumas frequências de som, ou que enxergamos apenas algumas das cores (frequências de luz) que existem? A faixa dinâmica também diz respeito à nossa capacidade de percepção, mas dessa vez em relação à intensidade luminosa. Quanto maior a faixa dinâmica, mais detalhes conseguimos perceber em lugares com muita ou pouca luz, sem que fique tudo muito claro ou muito escuro. Por exemplo, quando olhamos para o sol ele nos cega, pois sua luminosidade é mais intensa do que podemos enxergar.

Nossos olhos, conseguem ajustar a abertura da pupila, controlando a luminosidade para cada ponto de interesse que observa. De novo nosso cérbero calcula tudo e forma uma única imagem balanceada entre os claros e escuros. Ainda que nossos olhos não regulassem a pupila, a nossa faixa dinâmica é estimada em 512 vezes maior que a faixa das câmeras. Assim, é muito comum nas fotografias termos uma região totalmente branca e outra totalmente preta, pois os limites foram estourados em ambos os extremos. Há técnicas tanto para minimizar esse efeito, como também para utilizá-lo na criação de imagens contrastantes e chamativas.

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Grato, até a próxima!

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